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Só tive

vergonha

no primeiro dia

Valéria Delfino

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     Os cabelos dourados da margarida brincam na brisa leve daquela manhã fria de Florianópolis. No caminho para o local de trabalho, os cachos vão e voltam no ritmo veloz do seu caminhar. Mulher forte, de opinião incisiva e passos certeiros. Com olhos distantes, pensativa, mas com um sorriso sincero no rosto. Guarda em seu coração o amor pela profissão e uma vontade imensa de melhorar e contribuir com a capital. Tem muitos pensamentos, mas nem tudo cabe em suas frases. Com orgulho de vestir o uniforme verde e azul, anda pelas ruas do centro da cidade carregando uma lixeira em uma das mãos e uma vassoura em outra.

"Sempre tão achando que nós contribuímos menos, que nossa contribuição qualquer um faria. Mas a gente sabe que o nosso jeito de trabalhar é diferente"

     Valéria Ferreira Delfino é uma goianiense de 52 anos. Desde 2007, acorda às 5:40, passa protetor solar, rímel e batom e chega às 6:35 no Módulo I do Centro de Florianópolis. Enquanto toma café, ela comenta: “Gari para mulher é complicado. É muita força. Eu não ia conseguir”. Mal sabe ela de toda força que demonstra com suas incisivas frases e com sua autenticidade em bater no peito e se orgulhar da tarefa que desempenha.

     Depois daquele cafezinho com bolacha, é hora de pegar o material e caminhar em direção à Praça XV. A margarida dos cabelos dourados conta que sempre recebe comentários e brincadeiras desagradáveis pelas pessoas que passam por ela durante as manhãs de seu trabalho. “Sempre tão achando que nós contribuímos menos, que a nossa contribuição qualquer um faria. Mas a gente sabe que o nosso jeito de trabalhar é diferente. A nossa organização é diferente. A gente contribui tanto quanto!”, explica Valéria.     

    Valéria reconhece que a sua colaboração com a limpeza pública da capital catarinense é imensurável. Ela e Márcia, colega de trabalho e amiga, embelezam diariamente as ruas da cidade próximas à praça. Além de determinada, possui um olhar extremamente observador e crítico da realidade. Em seu horário de serviço, percebe muitos problemas da Ilha da Magia. “O que a gente mais recolhe é bitucas de cigarro. Fizeram uma campanha e espalharam lixeiras em Floripa para colocar a sobra, porém não consultaram nós que estamos todos os dias nas ruas vendo os problemas. Colocaram nos lugares errados, então não foi efetivo”, relata Valéria.

      Entre as grandes dificuldades e algumas alegrias, a moça do sorriso sincero se orgulha em dizer que trabalha na limpeza pública de Florianópolis. Ela, que ficou com vergonha de vestir o uniforme e sair para trabalhar em seu primeiro dia, fica feliz, todos os dias dos 12 anos de serviço, ao cumprir o seu trabalho e deixar o centro de Florianópolis mais limpo, bonito e harmônico para a população.

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